Paul McCartney faz perguntas e respostas na Liverpool Institute of Performing Arts (LIPA)


Hoje Paul McCartney foi até a LIPA para fazer um Q&A com as pessoas da faculdade e também com seus fãs ao redor do mundo conectados pelo Facebook. Paul falou sobre a época que estudou no Liverpool Institute, sobre John, George e Ringo, sobre o seu processo de escrita, seu álbum novo, pessoas que admira na música, entre outras coisas (quase tudo traduzido estará no final dessa notícia). Depois que terminou as partes de perguntas e respostas, Paul anunciou um show secreto que acontecerá amanhã (falamos disso nessa notícia aqui) e fez um pequeno show acústico para quem estava lá. A Setlist foi a seguinte:
I’ve Just Seen A Face
San Francisco bay blues
Every Night
Mrs Vanderbilt
From Me To You
Confidante
On My Way To Work
Midnight special
I Lost My Little Girl
Uma música não terminada sobre Blackpool, southport e Scunthorpe
We Can Work it out
Aqui algumas fotos de dentro do auditório da LIPA
Paul se apresentando

Paul se apresentando

Paul chegando a LIPA

Paul chegando a LIPA

Paul se apresentando 

Paul no perguntas e respostas

Convite para o perguntas e respostas

Na Sexta-feira Paul estará na graduação dos alunos da faculdade
Aqui vai estar algumas perguntas (e as respostas) feitas/para o Paul 
(perda de áudio no começo do vídeo)
Jarvis: Agora aqui é a LIPA, quando era sua escola aqui eles encorajavam as pessoas a arte?
Paul: Na verdade não, eu me lembro que não tinha nenhum encorajamento. Tinha aula de música, o professor entrava, e nós esperando para ter uma aula de música, no meio da classe tinha um toca-discos e ele dizia "quero que vocês escutem isso e me digam o que acham", ele colocava a agulha e saia da classe. Nós colocávamos um cara na porta para olhar e fumávamos, claro tirávamos o LP, ai ele voltava, tentávamos tirar um pouco da fumaça e sentávamos fingindo que estávamos estudando. "O que vocês acharam meninos" "ah é muito bom Senhor". Era só isso, nunca tivemos mais que isso.
J: Você é canhoto, você tem alguma história que não podia escrever com ela ou algo assim? Minha mãe me contava que não podia ser canhoto, te proibiram?
P: Não, mas tenho uma memória aleatória que sou eu escrevendo com a minha mão esquerda, mas ao contrário, escrevendo como se fosse em um espelho, sabe? O que ele está querendo dizer com isso? Mas sabe ninguém me disse que eu "proibido" de ser canhoto
J: Você disse que não foi educado musicalmente na escola, onde você aprendeu?
P: Meu pai era um ótimo pianista, era ele quem tocava piano nas festas da família, as mulheres ficavam sentadas na volta do piano com pequenas doses de bebida porque se você beber pequenas doses você não fica bêbado, a não ser que você tome muitas pequenas doses, elas cantavam todas as músicas antigas, da época deles. Depois quando ele não podia mais tocar piano, eu virei o cara que tocava piano, eu acho que esse foi um jeito que eu aprendi música. O outro jeito foi que no meu aniversário meu pai me deu um trompete e eu até que aprendi, ele me deu porque ele tocava trompete em uma banda, ele não queria me ensinar, ele queria que eu aprendesse do jeito certo e eu odiei.
J: Quando você fala "do jeito certo", você quer dizer ler partituras?
P: Sim, escalas também.
J: Você não devia incentivar pessoas assim, escalas são muito importantes
P: Sim, aprender música é algo muito legal. Então começou a ficar famoso o skiffle e todos os garotos estavam com violões, então eu pedi para o meu para trocar meu trompete por um violão. Como muitos garotos tinham violões nós ficamos conversando sobre isso, foi assim que conheci o George, ele estudou nessa escola, nós pegávamos o mesmo ônibus, nós sentávamos um perto do outro e assim desenvolvemos nossa amizade, falávamos sobre violões, aprendíamos acordes um do outro, uma coisa boa foi, depois com o John, alguns anos depois se eu e o John mostrávamos uma música para ele, ele sabia o mesmo que nós, então o que tocávamos ele saberia tocar. Eu me lembro estar sentado nesse auditório, os bancos eram desconfortáveis e com uma folha com uma foto do Elvis tipo "nossa, olha esse cara" ai depois escutamos a música dele e era isso ai nós queríamos ser aquilo, era o jeito que queríamos viver.
J: Você disse que primeiro viu o Elvis e depois o escutou, deve ser incrível imaginar o que ele poderia ser e depois escutar o que ele realmente é
P: Era o encarte do HeartBreak Hotel, ele era incrível, ele tinha um ótimo senso de humor, fazia ótimos álbuns, o John já era de um grupo e nós não escrevíamos nada em um papel
J: Isso é algo legal, como você lembrava de suas músicas porque é bem diferente de hoje que você tem uma ideia e pode gravar em seu telefone
P: Nós pegamos emprestado uma vez um gravador e até colocamos algumas músicas nele, mas geralmente nós o usávamos para passar trote.
J: Você vai ter que explicar
P: Ok, eu e o John estávamos em minha casa e tínhamos aquilo então deu a ideia de gravar um pequeno diálogo tipo fala uma coisa, pausa e fala outra coisa, então ligaríamos para alguém e gravaríamos todo o diálogo. Acabamos ligando para um professor, nós fazíamos uma voz: "Oi é o Senhor ...." "Sim" "Estamos ligando por causa das bananas" "bananas? Mas eu.." "Sim, as bananas que você pediu" e caíamos na gargalhada. Para responder a sua pergunta: nós não fazíamos muitas gravações, mas uma coisa era que tínhamos que escrever músicas que seriam lembradas, eu e John tínhamos nossa hora da escrita, escrevíamos a música e íamos embora, no meio da tarde tentávamos lembrar e não conseguíamos, mas na manhã seguinte lembrávamos, se nem nós lembrávamos das músicas que escrevíamos como íamos querer que as outras pessoas lembrassem? Tem que escrever algo que seja lembrado e eu tenho que dizer, eu continuo me lembrando agora
J: Você foi para o estúdio em 68 para gravar "Hey Jude" você entrou 8:00 da noite e saiu 4 da manhã
P: Eu fiz isso?
J: A pergunta é quando você percebe que está na hora de gravar? Todas as decisões
P: Quando a música está pronta, isso acontece comigo, eu deixo acumular bastante músicas até ter demais para gravar um novo álbum, em Hey Jude eu toquei ela para o John e ele gostou, eu lembro que tinha uma frase que eu queria mudar. A Abbey Road não tava disponível então tivemos que gravar em outro estúdio, no começo nós trabalhávamos de dia, mas quando ficamos mais sucedidos ouvimos dizer que o Frank Sinatra trabalhava durante a noite, então por isso sessões tão tarde da noite. Eu lembro em uma dessas sessões, eu acho, eu estava lá gravando "Hey Jude" e de canto de olho eu vi o Ringo indo ao banheiro, por sorte ele não entrou durante alguns versos da música, ai eu pensei "nossa esse é um ótimo take" ai eu vejo o Ringo voltando de fininho, ele senta na bateria e começa a tocar ela
J: Vocês pensavam em ter um nome de super herói? Tipo Ringo Starr
P: Sim, você acha que tem que fazer isso, tipo Paul McCartney
J: Soa muito bem agora
P: Sim, soa muito bem, mas eu cresci nisso, coloquei muito trabalho nisso, nós realmente pensamos que deveríamos ser mais glamorosos, eu era o Paul Ramone, soava muito bem, nós entramos em turnê com um cara chamado Johnny Gentle, os caras tinham esses nomes: Johnny Fury, Worrie Wild (algo assim) e dai fomos fazer turnê com o Johnny Gentle, era uma turnê na Escócia, então vinha umas meninas "ah qual o seu nome?" "Paul Ramone", ai iam para o George "Qual seu nome?" "Carl Harrison" e o John era Long John Silver, quando o Ringo veio para o nosso grupo, ele era o mais velho, então era o mais profissional, nós eramos só um bando de amadores, uma das coisas legais dos Beatles era que não ligávamos muito para o show business, Ringo virou Ringo Starr porque usava muitos anéis e então mudei para Paul Ramone, acho que deveria voltar para ele
J: Se a música não tivesse dado certo o que você faria?
P: Nessa escola você ia para um "Mestre de Carreiras", não sei se isso ainda acontece, ai ele fez algumas perguntas e eu só tinha qualificação para ser um professor, sabe você é bom, mas você pode ser um professor
J: Tem alguma música que você tem ciúmes? Que você gostaria de ter escrito? Por Que?
P: Tem algumas que eu escuto que eu gosto e poderia ter sido eu, eu gosto da música do Sting "Fields of Gold", quer saber? Eu deveria ter escrito isso, como ele pode? Você roubou a minha música
J: Qual pedaço de música ou de álbum que você achou realmente impressionante?
P: Provavelmente Kendrick Lamar, eu gosto do Kayne "Dark Fantasy" tem uma nova que eu achei realmente "colante" que é Christine and the Queens, parece muito um roubo das músicas do Michael Jackson, mas não ligamos porque é muito colante
J: Agora tem tantas plataformas que você pode escutar música, como você escuta?
P: Geralmente muito rádio por causa do carro, eu ainda tenho CDs, spotify, eu ainda coloco para tocar LPs.
J: Queria falar sobre Egypt Station, você falou que queria com um álbum, igual os grandes são lembrados e eu imediatamente lembro dos LPs que tem os dois lados e...
P: Sim, o que eu quis dizer foi que nos dias de hoje você tem essas grandes estrelas Beyoncé, Taylor Swift, Kendrick, mais particularmente as duas primeiras, essas músicas e algum jeito são uma coleção de singles, são todas ótimas músicas comerciais, não é algo que você vai em tudo como um álbum do Pink Floyd ou um álbum dos Beatles, eu não posso fazer algo como a Taylor Swift, ela tem pernas melhores que as minhas, o que eu posso fazer é o que chamávamos de "Concept Álbum" é um álbum que você pode ir por todo ele. E a capa do álbum
J: Era isso que eu ia perguntar, o nome do álbum é sobre uma pintura
P: Eu pintei e tinha algumas coisas egípcias porque eu gosto desse tipo de coisa então coloquei por cima e deu uma misturada e eu coloquei o nome Egypt Station porque tinha várias coisas e as pessoas gostaram do nome, um dia eu estava olhando "Egypt Station é um ótimo nome e a pintura pode ser a capa" e depois tivemos ótimos diretores de arte que fizeram um trabalho, nós começamos com um som de estação, do nada fica quieto como se fosse uma estação no céu, você está viajando cara e dai vai para a primeira música e assim vai indo
J: Eu acho que não sou permitido de dar spoiler, mas no final voltamos para a estação
P: voltamos para a estação, então fizemos um álbum para pessoas que gostam de ouvir tudo junto, vai ter pessoas que vão escutar as músicas que mais gostam e vai ter aqueles que vão escutar tudo
J: Como o desenvolvimento e a produção da música influenciam no seu jeito de escrever?
P: Eu acho que é ao contrário porque você pode gravar em qualquer lugar, a qualquer momento, é só pegar o seu telefone e pronto, eu sou uma pessoa que tem milhões de sketches, eu falo "vou terminar algum dia" então eu tenho mil coisas para terminar, eu não acho que é uma boa coisa porque quando você tem isso - o telefone- você não tem a tendência de terminar as coisas, o jeito que eu e o John usávamos continua sendo o que eu uso, eu sento já com uma ideia de música e eu continuo, continuo até terminar e então você escreve a música, eu acho que pode até ser bom colocar mini sketches e depois de meses você ouvir para entender a vibe que foi usada, mas eu acho que é muito fácil
J: Hoje é muito fácil porque você grava tudo, edita em 1 a 6 horas e coloca autotune
P: Agora você está olhando como eu gravo?
J: Não, o que eu to tentando dizer é que parece que não foi feito deste jeito, qual foi a técnica?
P: Você pode fazer como uma performance da sua banda e fazer um a um, uma experiência, algumas músicas foram feitas do modo antigo nós fizemos uns overdubs e outras coisas, tem algo vindo, eu me lembro e devo ter feito isso, eu escutei todos os álbuns dos Beatles, eu escutei e parecia tão fresco, vem direto a sua cara e eu acho que é o espírito que ia no álbum, não era uma bagunça, nós viemos de Liverpool com o nosso primeiro contrato para gravar com o Sir George Martin, eles nos falaram o que eles queriam que nós faríamos, tínhamos 20 e tantos, e nós não tínhamos ideia do que se fazia em um estúdio de gravação, de 10 até 10:30 arrumem seus instrumentos, afinem, tomem um copo de chá ou qualquer outra coisa que quiserem fazer, e as 10:30 o produtor vai entrar aqui e vocês começaram a sessão, vocês tem 1 hora e meia para terminarem essas músicas, completamente e nós tínhamos muita pressão, mas não sabíamos, eu e John escrevíamos a música na semana anterior, nosso manager dizia que tínhamos um semana livre e ficávamos animados e ele dizia "para escrever o próximo álbum" e ficávamos "que ótimo que ótimo" e isso era tempo suficiente e depois levávamos a música para o estúdio e eu e o John já sabíamos e apenas cantávamos e o Ringo e o George ficavam observando, George "anotando" os acordes e Ringo achando a batida e simplesmente começávamos a gravar, nós tínhamos uma hora ou 1 hora e meia para fazer esse álbum, era o único tempo que tínhamos, nós fazíamos tudo em 1 hora e meia, dava um tempo de 1 hora e voltava a fazer tudo de novo, quase todos os álbuns dos Beatles foram feitos desse jeito, eu gosto desse jeito porque você faz as 4 músicas e depois fica sem nada por 1 semana, ai eu vou e vejo uma peça, vou no teatro nacional, na época eu estava saindo com uma atriz, eu gostava que tínhamos esses dias difíceis e as semanas sem nada
J: Você já veio aqui pegar uma classe ou algo do tipo?
P: Eu venho aqui para ouvir o que os estudantes que escrevem estão fazendo ou os meus estudantes, eu falo "eu não sei como fazer isso" e o pessoal fica meio assustado, eu realmente não sei como se faz, eu sento e espero que seja algo que seja novo, eu não gosto de pensar "ah tem que fazer isso, fazer aquilo, quando eu estou sendo previsível eu tento quebrar isso, ai eles tocam as suas canções e eu faço algumas críticas é como se estivéssemos escrevendo juntos, "se fosse eu, eu faria isso e você não precisa aceitar porque é sua canção", mas geralmente eles aceitam
J: Isso aqui é uma uma academia de educação formal e como você disse, você não teve essa educação formal e é bom que você comunica isso para eles, você pode escrever uma música que fica "yes, fiz a melhor música" e uma semana depois você a escuta e ela é horrível, isso que é o mais excitante, você nunca sabe o que vai acontecer
P: Isso é um dos porquês eu não falo como é para ser e todas essas coisas, o jeito que fazemos, não só os Beatles, mas os outros grupos de Liverpool ou os grupos britânicos da invasão britânica, nenhum deles realmente sabiam como compor ou ler partitura, quando eu estava falando com o Jeff Lyne sobre isso "ah nós deveríamos ter olhado desse jeito" e ele está certo, quando vou trabalhar com uma orquestra eu trago alguém que entende para escrever para mim, antigamente eles chegavam para mim e ficavam perguntando como foi orquestrado e eu só virava e dizia "eu não sei", eu sei como soa, mas não tenho ideia sobre essas coisas técnicas, eu ficava só "é assim que vai, agora troca isso" e eu acho que é bem mais legal porque para os outros só tem algo escrito, não para vocês e as pessoas do mundo que estão estudando música, seus pais estão gastando todo o dinheiro deles, eu quero dizer é legal fazer do outro jeito, não só do meu jeito.
J: Eu sei que é frustrante as vezes porque uma vez eu comprei um "songbook" para aprender a tocar músicas dos Beatles e eu descobri que eu não conseguia, era muito difícil, as pessoas que escrevem esses "songbooks" vem perguntar como eram os acordes?
P: Não, os acordes eram escritos como nós podíamos ver e ler a letra ao mesmo tempo, nós olhávamos na tabela de acordes e a grande maioria nós conhecíamos, uma coisa engraçada dos Beatles é que começamos aqui em Liverpool e tocávamos em pequenos clubes, então fomos para Hamburgo, era uma grande coisa para crianças que estavam andando pelo distrito de strip club - isso é realmente relevante- tocamos por 8 horas seguidas, tínhamos 1 hora para descansar e continuar nessa maratona, como tocamos por muitas horas ganhamos muita experiência e aprendemos muitas músicas novas, não podíamos nos deixar entediados e ainda mais naquela idade "ai meus Deus, tocar as mesmas 10 músicas de novo", e com isso fomos aprendendo mais acordes. Existia uma loja de música e lá tinha o cara que sabia tocar violão, ele tocava alguns acordes grandes e nós ficávamos observando, eu ainda não sei qual é o nome desse acorde F ou algo assim, mas nós aprendemos e usamos em algumas de nossas músicas como: Michelle e Till there was you, era legal que conversávamos com algumas bandas que estavam no mesmo lugar que nós e tocamos uma de nossas músicas ficava em E e depois ia para F minor, eu ficava "ah eu gostei desse acorde" "ah é tal acorde""ah é assim que ele chama? Nós o chamamos de 1 up for F"
J: Desde que todos da banda saiba o que é isso está tudo certo
P: Sim
J: Qual é o músico que você já trabalhou com e admira demais?
P: De todos com quem trabalhei eu diria que é os amigos Beatles, John - que foi realmente muito legal, George e Ringo, ter trabalhado com o John tão perto eu pude ver quanto ele brilhava antes do mundo ver isso, eu pude ouvir Across The Universe, Julia e essas músicas, de alguém que eu sou fã, quando estávamos trabalhando em A day in the life, quem fosse o criador dessa música traria o primeiro verso e ele já sabia o que iria escrever, escrevemos isso em um papel e fomos desenvolvendo dessa parte, eu vi o John no trabalho, claro, as coisas que o John fazia eu via como era brilhante, eu comecei a música "Getting Better" e ele veio com "it couldn't be worse" e eu anotei isso. Outro eu acho que Stevie Wonder, ele é um músico animal, ele é fantástico
J: Para mim o Stevie tem duas vozes: uma voz aguda e a voz brava e ele pode tocar a harmônica, nesses dias uma pessoa me mostrou o video dele tocando bateria
P: Sim, ele é um ótimo baterista, ele também pode tocar guitarra. Eu trabalhei com ele, fizemos a música "Ebony and Ivory", algumas pessoas acharam a música meio errada, pra mim eu achava super legal, o preto e o branco vivendo em harmônia, qual é o problema com isso? Mas foi muito divertido trabalhar com o Stevie nisso, nós fomos ao Mosserat (algo assim) que é o estúdio do George Martin no Caribe, nós estávamos trabalhando lá e Linda, minha primeira mulher, disse para convidar o Stevie e chamar ele para o almoço, nos estávamos tirando o dia para aproveitar e eu achei a ideia muito boa, chamei ele para o almoço e ele disse que chegaria as 2 da tarde e disse para Linda para ela cozinhar para ficar pronto perto de 2 horas da tarde, dá 3 da tarde e eu resolvo ligar para o Stevie para ver se ele viria e ele disse que sim e que estava indo e então já era 10 da noite algo bate na porta e ele chegou bem tarde
J: Ele teve uma boa desculpa?
P: Não, isso é uma coisa do Stevie, ele é tão bom que você não pode dizer "que tipo de horário é esse para chegar?" Tivemos um ótimo jantar
J: Qual é seu cover favorito dos Beatles?
P: Teve um que realmente me chamou a atenção que a pessoa se chama Ester Phillips que é uma cantora de R&B e ela fez uma versão feminina de "And I Love Her" "And I Love Him" que é muito boa, mais tarde Ray Charles fez de "Eleanor Rigby"que eu amei e eu vi que "Yesterday" tem mais de 3 mil covers ou até mais que isso e eu fiquei bobo, tipo nossa que coisa maravilhosa, mas eu pensei "Quem são essas pessoas?" eu pedi para fazer o top 10 melhores covers de Yesterday e eu ouvi todos eles e são muito bons, eram tipo: Frank Sinatra, Elvis, Marvin Gaye, Ray Charles e outros, tinham pessoas incríveis com versões incríveis, eu percebi que Frank, Elvis e Marvin trocaram um pouco da letra, eu canto "I did something wrong" e eles falam "I must done something wrong", fica tipo "eu não sei se fiz, diz que eu fiz, mas eu acho que não fiz, eu sou o Frank Sinatra"
J: Como seria a escrita para uma música de sucesso?
P: Como eu já disse eu realmente não sei como fazer isso, se eu fosse escrever uma música agora eu iria para algum lugar bem quieto tipo o banheiro é meio constrangedor escrever músicas na frente dos outros, não dá para fazer em público porque que fazer os erros na privacidade, eu ficaria tocando até achar um acorde que combine e então selecionaria um ritmo e o tipo de sentimento que eu estou e então começaria a cantar por cima e ver o que vem, as vezes vem algo louco, mas mesmo assim eu continuo com isso, eu só tento seguir a trilha, eu acho que o segredo é continuar com isso e não pensar que é terrível porque o segundo verso ou o refrão podem ficar ótimos e então você pode voltar e arrumar o começo é assim que eu escrevo, eu escrevo no papel e se o segundo verso ficar melhor que o primeiro eu troco eles de lugar e tem vezes que pode ficar muito bom tipo "eu estou adorando isso", recentemente depois que terminei o álbum eu fui para a academia e estava fechada e eu fiquei "ah não, o que eu vou fazer agora, eu tenho 1 hora para passar"e eu peguei o meu violão e comecei a tocar e gostei e coloquei no meu telefone, uma voz veio na minha cabeça tipo "não, não faça isso. Termine isso" e a outra voz "Não, não termine isso daqui a pouco você vai estar na academia" e eu terminei, não coloquei no meu celular e se tornou uma música.
J: Essa coisa de querer fazer algo diferente é realmente muito bom, recentemente assisti o Carpool Karaoke e uma parte disso é ir a sua antiga casa, achar um lugar privado para conseguir escrever as música deve ser muito difícil
P: E era o banheiro, a acústica era melhor lá
J: Não podia monopolizar o banheiro
P: Sim, tinha umas horas que eu tinha q parar esperarem ir e voltar para dentro de novo, segurando o meu nariz
J: Foi a primeira vez que você voltou lá desde que morou lá
P: Sim, eu sempre ia só que do lado de fora, eu venho muito para Liverpool por causa do LIPA, eu mostro para a pessoa que está comigo os lugares, aquele é o lugar que ganhei tal competição e foi aqui, na verdade só tinha duas pessoas participando e ele já tinha ganho no ano passado então acho que eles deixaram eu ganhar, eu vou andando e contando todas essas histórias e quando chego na minha casa antiga, eu paro ali perto e vou explicando de fora, eu pensei que podia ser espantoso meio estranho voltar para a casa que você viveu, uma vez eu tava explicando e passou um cara e falou "é ele realmente viveu ali" e com o James, ele queria ir lá dentro e eu amei e não foi assustador, é igual esse lugar, um lugar cheio de memórias, todos os lugares que eu olho eu lembro de algo, ficar ali no cantinho com o George, vir aqui ver os professores, é muitas memórias. Nós éramos muito "maus" e acabávamos apanhando, eu e George sempre entrávamos em problemas, eles seguravam a sua mão e batia nela, uma vez eles fizeram isso com o George e erraram e pegou no pulso dele, ele estava com a família dele tomando chá da tarde quando o pai do George viu e perguntou o que era, ele teve que admitir que tinham batido nele, no outro dia uma batidinha vem na porta, o George saiu e estava o professor que bateu no George e um professor mostrando para o pai de George e ele perguntou "Você castigou o meu filho ontem?" "Sim" e o pai do George deu um soco no rosto do professor, linda justiça, sim
J: Qual das músicas de Egypt Station o John iria gostar? E qual a sua mulher Nancy gosta mais
P: Eu acho que o John gostaria de uma música chamada "I Don't Know" e eu sei que a Nancy gosta de uma música chamada "Confidante" que eu escrevi para minha guitarra, isso soa meio estranho e é uma longa história, agora sabem da minha perversão, eu escrevo para guitarras. Soa como uma música de término com alguém que eu não gosto, mas é uma longa história, Nancy gosta dessa.
J: Você tem uma pintura chamada Egypt Station, diga por que escolheu ela?
P: Eu gosto de olhar livros com referências históricas e símbolos antigos, eu amo ver estátuas e astecas, esse tipo de coisa sobre civilizações, tem algumas coisas que parecem tão modernas e são de muito tempo atrás, eu fiz uma composição meio surreal e então fiz essa pintura que chamei de Egypt Station
J: O símbolo da Apple veio de uma pintura, se não me engano, né?
P: Sim, eu criei um amor por arte, eu gostava quando eu era criança, em '53 quando eu tinha 11 anos, a rainha foi coroada e tinha que escrever um texto sobre a monarquia e eu escrevi e acabei ganhando uma das categorias, você tinha um prêmio por ganhar a competição era um livro da monarquia e a outra coisa você podia escolher e eu escolhi um livro de arte moderna, eu ficava o folheando o tempo todo, quando comecei a ganhar dinheiro com os Beatles eu comecei a ir mais a museus, eu tinha um ótimo amigo dono de uma galeria, ele sabia muito de arte então eu podia pegar algumas dicas com ele e eu adorei olhar para aquela pintura de um pintor sueco, ele conhecia o cara e perguntou se eu queria ir para Paris ter um jantar com ele e foi engraçado que Robert - dono da galeria - era gay e eu contei para meus amigos que iria para Paris com ele e eles perguntaram "Você tem certeza?" e eu respondi "eu estou muito seguro da minha sexualidade", nós fomos e tivemos o nosso jantar e nós descemos uma escada e vimos todas aquelas tintas e suas pinturas, ali meio que começou o meu amor pela arte, eu estava em um jardim em Londres fazendo um video clipe com Mary Hopkins e Robert sabia que eu estava ocupado então deixou aquele pequeno quadro bem em um lugar que assim que eu saísse do jardim eu iria ver, a pintura era uma maçã verde, foi dai que veio o logo da Apple, pessoas perguntam porque escolhemos Apple, Apple é perto do começo do alfabeto, em uma lista ela viria primeiro e Beatles viria bem depois e Apple vem antes.

E é isso da entrevista inteira.


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