Traduzido por: TheBeatleBR
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Sean: Oi, eu sou o Sean Ono Lennon e este é o John Lennon at 80. Em 9 de Outubro deste ano meu pai completaria 80 anos. Para celebrar a sua vida e sua música pela próxima hora, e na parte dois, eu vou conversar pela primeira vez publicamente com o meu irmão Julian, meu padrinho Sir Elton John e o parceiro musical do meu pai Sir Paul McCartney sobre a vida do meu pai, música e como ele era. Com a ajuda deles, eu espero acender uma luz na vida incrível do meu pai para conseguir uma perspectiva mais intimista na sua personalidade, seus talentos e ouvir coisas que eu, genuinamente, não sabia.
Elton John: É um grande privilégio para nós, um grande privilégio para vocês de ver e ouvir o senhor John Lennon.
Foi uma incrível relação de 2 ou 3 anos de bromance que tivemos e foi uma coisa muito importante na minha vida, John, ele realmente me ajudou, me deu muita confiança. Se você está tocando aquele discos, a energia está de repente ali, se você não sente você está basicamente morto porque, para mim, era um sonho se tornando realidade, eu podia morrer e ir para o céu, sabe? Teve uma sequência de acontecimentos em que consegui um álbum dos Beatles e de repente estou tocando no álbum dele, tendo o melhor momento e me divertindo com ele.
Julian Lennon: Tinha um kit de bateria lá e eu estava, literalmente, batendo com uma baqueta, apenas ritmando, sabe? Você ouve um golpe de aro, de diferentes ângulos, diferentes sons, diferentes, de repente seu pai entra cantando e tocando "Ya Ya" e eu tento continuar no tempo.
Paul McCartney: Eu olho para atrás como um fã agora, vejo o quão sortudo eu sou de conhecer este estranho teddy boy do ônibus que também tocava músicas como eu fazia e a gente se juntou e cara, como nós nos complementávamos, você sabe, como um grande yin-yang. Eles dizem no casamento que opostos se atraem, eu tinha algo que ele não tinha e vice-versa e quando colocados juntos era um extra.
Sean: Para marcar seus 80 anos eu ajudei na mixagem da "multi-track tapes" de suas melhores músicas para a compilação "Gimme Some Truth: The Ultimate mixes". Analisar música por música foi uma grande jornada para mim pessoalmente, não foi apenas emocional para uma pessoa que grande parte de sua vida não teve seu pai, mas também uma enorme lição do que era uma importante inovação na história da gravação de audio da época e olhar por trás das cortinas o processo de um dos mais amados compositores de todos os tempos.
A primeira pessoaque conversei para este programa foi o Elton John. Elton e meu pai viraram amigos próximos nos anos 70, algumas de suas antiguidades estão bem documentadas e felizmente algumas de suas colaborações também, um colaborou no álbum do outro e foi no icônico show do Elton em Nova York, em 1974, que meu pai fez sua última aparição em shows. Elton também é meu padrinho em termos de família quando sem dúvidas se fala daquela noite. Antes de conhecer o meu pai, o Elton, como tantos, já era um grande fã dos Beatles, assim como ele explica.
Elton: Eu lembro que o primeiro disco dos Beatles que eu vi foi do meu amigo, Michael Johnson, na escola, trouxe "Love Me Do" e ele disse que seria a maior banda do mundo. Eu ouvi e achei muito bom, eles entraram nas paradas musicais e ele se tornou membro do fã clube e essa foi a explosão deles. Os Beatles foram os primeiros a ir tão longe quanto a música pop já foi no cenário britânico. Por mais que nós eramos influenciados pelos artistas americanos, eles tinham um som original, as coisas eram escritas sobre Liverpool, Strawberry Fields... Parecia autêntico, muitas bandas saíram de Liverpool e do norte e teve uma explosão britânica de boas bandas, você se sentia bem e as músicas eram brilhantes. Se você analisar o catálogo de músicas dos Beatles de todos os álbuns são músicas assustadoramente boas.
Sean: Eles foram os primeiros a escrever suas próprias músicas, não era necessário você escrever suas próprias músicas, não é?
Elton: Sim, eles até fizeram cover de "Chains" da banda The Cookies. Assim como os Stones com o cover da música de Chuck Berry
Sean: Você começou na editora de músicas do Dick James fazendo covers e compondo para outras pessoas também, né?
Elton: Sim, eu fazia covers baratos e eles vendiam por 1 libra. Fazia álbuns de covers de músicas do Stevie Wonder, Bee Gees e coisas desse tipo, fiz backing vocals, eu toquei para o The Hollies na música "He ain't heavy, he's my brother" e na seguinte, fiz coisas para os The Scaffold, eles eram um grupo muito engraçado de Liverpool, eles eram brilhantes. Ganhei meu dinheiro fazendo backing vocals e conhecendo um monte de gente. Eu lembro a primeira vez que conheci um beatle, não propriamente o conheci, eu estava numa sessão com os Barron Knights, eles eram um grupo humorístico de músicos que tinham vários hits na Inglaterra e o Paul entrou no grande estúdio do Abbey Road, foi quando "Hey Jude" lançou e, obviamente, Bernie e eu estávamos no fundo do estúdio e ficamos tipo "Ai meu Deus, é o Paul McCartney". E os Barron Knights fizeram uma grande bagunça dizendo que tinham amado o novo disco e pediram para o Paul tocar e ele tocou "Hey Jude" e foi um momento que nunca vou esquecer, a loucura sobre os Beatles era extraordinário. Eu me lembro de pedalar para comprar o Sgt Pepper's, eu tive que pedalar por 12 km (8 milhas) para a loja de discos mais próxima, lembro que a capa era gatefold e eu tinha que segurar ela com uma mão e pedalar com a outra, já que não queria causar nenhum tipo de dano a capa, foi a primeira capa gatefold lançada pelos Beatles, naquele tempo foi a coisa mais incrível, foi como você disse, foi uma explosão de criatividade artisticamente, visualmente, musicalmente e muito mais e os Beatles eram o coração de tudo isso
Sean: Eu ouvi que meu pai quando ele ouviu sua voz pela primeira vez, eu acho que ele esta no EUA, ele achou que era algo novo da Inglaterra que ele gostou, ele disse que gostava de suas músicas e da música "Your Song", ele viu uma foto de Bowie e nem tinha escutado ainda e sentiu a vibe e achou que iria ser legal também. Você ouviu sobre isso? O que você sente ouvindo isso depois de ter conhecido ele?
Elton: Eu não sabia. Quando lancei meu primeiro álbum ele entrou nas paradas do EUA, o George me enviou um telegrama e eu fiquei muito animado. Eu não sabia que seu pai era um grande fã até o conhecer em 1973. Quando eu conheci seu pai eu estava meio, obviamente com medo, medo de conhecer os Beatles, mas todos me trataram bem, mas com seu pai foi diferente de todos os outros, ele não tinha medo de dizer o que via e eu o conheci nas gravações do video clipe de Mind Games com o meu amigo Tony King que fez o papel da rainha
Sean: Ah sim, o Tony King estava vestido de rainha Elizabeth. Ele se vestiu de rainha antes de você?
Elton: Sim
Sean: Eu vi você primeiro, que engraçado
Elton: Quando eu o conheci eu estava usando um terno verde brilhante, seu pai foi muito gentil, doce e generoso e nós nos demos bem imediatamente e ele era muito engraçado, e isso que gostei sobre ele, e nós conversamos sobre músicas, discos que amávamos...
Sean: E outras coisas, eu ouvi que fizeram outras coisas
Elton: Sim, fizemos outras coisas. Fizemos coisas inapropriadas juntos. Ai meu Deus, nós nos divertimos bastante
Sean: Isso conduziu para a gravação do Walls and Bridges. Foi em 1974, mas não sei quando o álbum foi realmente gravado, eu acho que naqueles tempos que foi gravado e logo lançado, não é?
Elton: Sim, logo depois. Eu lembro de ir as gravações e Tony King estava trabalhando com seu pai e John queria que eu tocasse e cantasse no álbum. Jimmy Iovine era o engenheiro, a música não seria feita, eu tive que colocar o meu piano de um jeito mais fácil, mas a coisa é que o John já tinha feito essa parte. Eu estava bem nervoso, mas foi bem divertido e era uma ótima música e eu disse "olha isso é uma música número 1" e ele falou "não, não, não vamos colocar ela como single primeiro", mas eu acho que foi alguém que disse "esse é o single" e o John disse "ok" e eu disse "se for número 1 você vai subir no palco comigo" e ele nunca em nenhum momento pensou que chegaria ao número 1 e chegou.
Sean: Você teve um sentimento quando ouviu, você pensou "isso é um hit"
Elton: A energia, tudo sobre a música era alegre, era uma música incomum nos álbuns do seu pai porque era muito muito feliz
Sean: Não era nem um cinico
Elton: A música é ótima e feliz, tem ótimas pessoas tocando como Bobby Keys no saxofone, Jim Keltner na bateria e era algo totalmente improvável do seu pai fazer
Sean: Eu ouvi a multi-track dessa música para fazer a compilação de 80 anos e é muito animador e seu seu piano era muito animado, até meu pai diz que era algo positivo e acho que ele sentiu que deu a energia que precisava
Elton: Bem, para ser honesto eu não quero soar inconveniente, mas se você está tocando em um desses discos, automanticamente sente a energia lá, se você não sente você está basicamente morto porque, para mim, era um sonho se tornando realidade. Tocar no disco do seu pai, para mim eu podia morrer e ir para o céu, sabe? Eu tive que pedalar para conseguir um álbum dos Beatles e de repente estou tocando no álbum dele, tendo o melhor momento e me divertindo com ele. Nós tivemos alguns problemas ou quase entramos em problemas algumas vezes, mas nunca tivemos uma briga porque ele era muito gentil, eles sempre diziam que John era o que sempre podia ir contra, as pessoas sempre dizam "cuidado, ele pode ir contra" e eu acho que quando ele ficava bebado ele se transformava, mas para ser honesto com você eu nunca vi isso, tudo que vi do seu pai era ele sendo amoroso, nós conversávamos bastante sobre os anos 50 e 60 onde nós crescemos e sobre round the horne na Inglaterra, os programas de rádio que gostavamos, as músicas que gostavamos e as pessoas que não gostavamos. Seu pai era uma fonte de conhecimento, eu nunca imagini que trabalharia junto com ele
Sean: Foi isso que te levou a gravar Lucy In The Sky With Diamonds com ele? Foi meio que uma gravação que levou a outra? Sei que Whatever Gets You Thru The Night foi em Nova York, mas onde foi Lucy?
Elton: Eu fiz em Caribou, estávamos fazendo um álbum, naquela época eu costumava fazer singles separados como Philadelphia Freedom e coisas desse tipo e eu disse para ele "Eu amaria gravar uma de suas músicas, qual delas você gostaria que eu fizesse?" e ele disse "sabe, as pessoas fazem várias vesões de nossas músicas, mas nunca ninguém fez uma versão de Lucy In The Sky With Diamonds" e eu disse "ok, vamos fazer"
Sean: Eu amo essa versão, é bem legal e tem um groovy nela que é diferente
Elton: E ele veio, nós fizemos um dia de cada vez, eu acho
Sean: E como foi? Você estava mais relaxado? E como estava meu pai? Ele estava se divertindo ou ele estava nervoso?
Elton: Não, ele amava a minha banda e a minha banda amava ele, ele era alguém e quando eu conheci o seu pai eu senti que eu o conhecia a minha vida inteira e esse é o maior elogio que eu podia dar a ele, seu pai não era esnobe, ele gostava do que gostava e não gostava do que não gostava, ele era bem certo sobre o que pensava, quanto pessoa eu absolutamente vi que ele era o melhor, nunca tive problemas com ele, ele não tinha nenhuma atitude ruim, eu odeio pessoas que dificultam ou tem atitudes ruins, mas seu pai não tinha isso.
Sean: Eu imagino que ele tinha um amor especial e respeito por você, ele provavelmente não era necessariamente assim com todos, mas eu tive sorte de conhecer pessoas que admiro, mas nem sempre tem a conexão em um nível humano, mas pode continuar sendo animador, mas é realmente legal que vocês dois conseguiram se tornar amigos e eu sei que realmente funcionou porque minha mãe sempre dizia sobre isso e, claro, existe essa famosa história que meio que foi a história da minha origem, que gira ao redor deste show famoso que você fez com meu pai que você disse "olha, se chegar ao primeiro lugar" ou ele disse "se isso chegar ao número 1, eu vou tocar em um show com você" e eu acho que é algo que ele estava evitando naquele tempo ou algo assim, sim?
Elton: Ele estava apavorado, eu posso te dizer que ele estava fisicamente doente antes do showsl totalmente fisicamente doente, nós ensaiamos, ele estava finalmente ensaiando, mas eu acho que quando ele entrou no palco ele estava bem porque a recepção que ele recebeu na ação de graças no Madison Square Garden em 1974, eu nunca tinha escutado um barulho, um rugido como aquele e todos nós nos arrepiamos pensando sobre isso e muitos de nós choramos, tinha lágrimas escorrendo em nosso rosto porque ele era uma das 4 pessoas da maior banda de todas e ele tinha vindo para cantar conosco
Graças a ação de graças, nós pensamos que podiamos fazer hoje uma noite alegre chamando alguém para subir aqui no palco e tenho certeza que não será um estranho para ninguém da platéia. É um grande privilégio para nós, um grande privilégio para vocês de ver e ouvir o senhor John Lennon.
Esse tipo de coisa eu dou valor, pela recepção que recebeu ele não estava nem um pouco nervoso durante o show, ele tocou brilhantemente insano, ele veio furtivamente por trás do amplificador quando ele escutou o rugido eu acho que ele viu Deus e percebeu que a plateia o amava e cara, como ele amava eles.
Sean: Isso é incrível, esse show é tão lendário para mim pessoalmente porque eu cresci vendo uma foto do meu pai da minha mãe nos bastidores do seu show com amor nos olhos porque eles ficaram separados por 18 meses aparentemente, era quando vocês estavam passando mais tempo juntos. A história é minha mãe não tinha inteção de ir a este show e ela foi com um amigo, ela me disse que enviou gardênias brancas para os bastidores, não sei se é verdade ou lenda, ai eles se encontraram e eu nasci nove meses depois, aproximadamente, quase no mesmo dia. Se não fosse você nesse show eu não existiria, provavelmente.
Elton: Foi extraordinário, eu acho que o John usou a gardênia, ele usou no terno ou jaqueta
Sean: Ah sim, sim, sim, eu vi a foto
Elton: Depois que o show acabou fomos para o Pierre Hotel para uma festa. Meu empresário, John Reed, ele e eu sentamos na mesa com a sua mãe e seu pai, uma coisa surpreendente é que o John, depois disso e do seu nascimento, eu não ouvi ou vi seu pai, eu não liguei porque eles estava tão feliz de ter voltado com a sua mãe e ele estava encantado em ter você que a vida dele se tornou outra coisa e eu não o vi ou falei com ele de qualquer modo e eu não me importava, o fato que aquela noite foi uma consequência na vida dele, o fato dele voltar com a sua mãe e eles tiveram você e consequentemente por causa disso eles pediram para eu ser o seu padrinho porque era a casualidade e um parente, sabe?
Sean: Talvez o primeiro show que eu fui na verdade foi o seu. Eu me lembro bem, eu era bem novo, talvez tinha uns 5 ou 6 anos, foi bem depois do meu pai falecer e você deixou eu e a minha mãe subir ao palco e foi realmente incrível porque eu nunca tinha ido em um show nem no Madison Square Garden, eu lembro que você usou uma fantasia enorme de pato, que foi tão bom para mim porque era algo para uma plateia de crianças da minha ideade, eu amo desenhos e eu amei demais, mas eu nunca esqueci que você escreveu com o Bernie, eu não tenho certeza
Elton: Sim, eu escrevi com o Bernie e foi uma coisa que eu realmente queria fazer, eu lembro quando recebemos a notícia da morte do seu pai, nós estávamos no avião vindo de Brisbane, Australia para Melbourne e fomos ditos para ficarmos no avião e eu pensei que minha vó tinha falecido e ela era bem velhinha, mas quando nos contaram sobre John nenhum de nós conseguimos acreditar e nós organizamos uma cerimônia na catedral de Melbourne ao mesmo tempo que acontecia a cerimônia em Nova York, que foi bem difícil por causa da diferença de horários, é bem chocante a diferença entre a Austrália e Nova York, mas levantamos e conseguimos, nós rezamos e pagamos tributos ao mesmo tempo que a cerimônia de Nova York porque eu estava muito afetado com a morte do seu pai assim como todos estavam, não conseguíamos acreditar não existia coisa pior, era um terrível homicidio. Nós queríamos, 1 ano depois, Bernie disse "eu realmente queria adicionar letras sobre o John se fosse fosse cantar" e eu disse "eu amaria" e eu amei a letra e amei a música e eu toquei quando estava em Vegas no Million Dolar Piano e tinha um video da sua mãe e seu pai andando pelo Central Park e eu contei a história do quanto eu amava o seu pai e cantei essa música, eu nunca cantei a não ser em Vegar, é bem difícil cantar essas músicas, eu fico bem emocionado quando canto, me comove porque me lembra..Deus, se seu pai estivesse vivo hoje você imagina o que el poderia estar fazendo?
Sean: Sim, eu tento imaginar todo tempo, para ser bem honesto. Mas eu tenho que dizer que esta música signidicou muito para mim naquele tempo e eu tenho que te agradecer porque eu a escutei demais e eu acho que foi uma cura para mim, eu era bem novo, mas eu sabia que vocês eram amigos, sabia que você era meu padrinho, sabia que era sobre o meu pai e é uma música muito poderosa e nem todo mundo lembra, mas eu ouço todo tempo e eu tenho que te agradecer por isso.
Elton: Empty Garden é um sincero tributo a uma pessoa que, infelizmente, não vemos mais sua luz e seu pai não aguentava nenhum absurdo, ele era uma paz, amor, brilhante, engraçado, teimoso, um tesouro de verdade, eu quero dizer, eu vou ficar muito entediante, nós precisamos de pessoas como ele e não há muitas, não há ninguém como ele
Sean: Não tem, eu realmente queria que ele pudesse falar por ele porque, sabe, eu estou sempre cheio de pessoas que falam para mim o que acham que ele acreditaria sobre uma coisa ou outra e eu não quero fingir que sei exatamente o que ele pensaria sobre algo, mas eu sempre os digo "seja o que for o que ele pensaria agora, eu não sei o que seria, o que não seria ou o que eu acho que ele pensaria" porque ele sempre mudava de ideia, ele não era preso e isso é uma coisa que eu acho inconstante nele, que ele muda os pensamentos, aprimora os pensamentos o tempo todo, eu não sei o que ele pensaria, mas não seria a mesma coisa que ele pensava em 1975 ou algo porque ele teria evoluído, eu sei disso
Elton: Uma coisa que penso é que se seu pai estivesse vivo ele teria ganho um nobel da paz ou algo, isso era o que seu pai queria unir as pessoas, ele era um unificador e ele estava preparado a ir a qualquer extensão para fazer as pessoas entenderem seu ponto e muitas pessoas não gostavam, muitas pessoas como o FBI, eles deram a ele tempos difíceis, mas não o deteu, mas eu acho que quando ele te teve, ele se tornou mais maduro porque eu acho que ele apreciou o passar do tempo com você e ele, provavelmente não fez isso com o Julian, e eu consigo ver isso, e que amadureceu ele bastante voltar com a sua mãe e apenas ter uma vida familiar. Quando ele estava aqui ele fez muito bem e ele influenciou e inspirou tantas pessoas e ele amava muitas pessoas e eu sinto a falta disso, não tem muitas pessoas hoje em dia com esse tipo de personalidade ou força de temperamento e eu queria que ele estivesse aqui, assim como você também queria, todos sentimos falta
Sean: E eu tenho certeza que ele te amava geralmente porque, sabe, eu li bastante sobre o que ele disse e ele nunca falou tanto de alguém quanto você, ele realmente te amava. Eu realmente aprecio sua relação com ele porque, literalmente, leva a minha concepção e existência
Elton: Estou feliz que ele fez, estou feli que você está aqui e estou feliz que você está florescendo
Sean: Meu pai e Elton finalizando sua versão de "I Saw Her Standing There" no, agora, lendário show do Elton no Madison Square Garden na ação de graças, 1975
Sean: Essa foi “Gimme Some Truth”, originalmente lançada no segundo álbum do meu pai, “Imagine”, em 1971. Para aqueles que não sabem, quem fez o solo de guitarra desta música foi o único, George Harrison.
Na segunda parte deste programa, vamos falar mais um pouco sobre meu pai e suas composições com um cara que conhecia ele muito bem nesse quesito, Paul McCartney. Mas agora, vamos escutar um pouco do meu irmão, Julian. Crescendo com mães diferentes e em diferentes famílias, nós tivemos uma infância muito separada, como vocês vão ouvir nessa conversa. Mas uma coisa que nós com certeza compartilhamos foi a música. Eu o perguntei se o despertar dele para a música foi por conta de nosso pai.
Julian: Eu acho que foi quando eu e nosso pai nos tornamos mais próximos, e eu estava vivendo com minha mãe e minha vó em Wirral, Hoylake (34:28). Eu acho que foi entre 13, 14 anos, alguma coisa assim, e ele tinha acabado de finalizar “Mind Games”. Eu me lembro de conversar com ele sobre música quando ele me deu uma guitarra no meu aniversário de 11 anos, eu acho que foi.
Sean: Certo, porque “Mind Games” é de 73, eu acho, e então você acabou conseguindo tocar aquela música “Ya Ya”, tocando bateria no “Walls and Bridges”, que foi logo depois disso. (34:50)
Julian: Sim, era final de ano na escola e eles estavam fazendo peças, então eu acho que foi a primeira vez que tivemos... Tinha um grupo de rock no qual eu tocava e cantava, e eu me lembro que meu pai me enviou de aniversário ou de natal um dos primeiros Walkmans da Sony.
Sean: Cara, deve ter sido algo muito futurístico.
Julian: Eu nem consigo te dizer, tinha um visual prateado e eu realmente gostei dele. E eu me lembro que nós gravamos, e eu obviamente me inspirei em “Mind Games”, e você sabe, meu pai me encorajou a tentar um pouco mais firme e também aproveitar a ideia de tocar na apresentação da escola, minha primeira apresentação. E percebendo isso, depois de três minutos, tinha pessoas se levantando, gritando e apoiando, você não queria fazer mais nada depois daquilo. Mas o que eu fiz foi gravar a apresentação e enviar a fita para o meu pai, e eu me lembro de falar com ele no telefone sobre isso e ele me parabenizou dizendo para manter o bom trabalho. E depois, eu o vi em Nova York, onde ele estava me ensinando alguns acordes de violão.
Sean: Você deve ter alguma recordação tocando, porque eu ouvi você dizer que não percebeu que iria acabar tocando naquele álbum e que iria tentar tocar melhor, basicamente. Mas você tem alguma memória daquele tempo, tocando bateria no estúdio para o “Walls and Bridges”?
Julian: Até que sim, era na Hit Factory, não era? No que eu consigo me lembrar. (36:55)
Sean: Era ou na Right Tracks ou na Hit Factory porque sei que foi em Nova York e eu sei disso por ler sobre
Julian: Eu lembro do quão preto o sofá era na lateral (?), do estúdio em si. Eu lembro de ter amado estar ali, mas estar tão entediado ao mesmo tempo e sabe eu só dei uma volta, e andar pelo estúdio e eu, basicamente, brinquei com qualquer instrumento que eu poderia e eu me lembro de visitar meu pai e sua mãe no Tittenhurst Park, quando eles tavam morando e gravando lá, costumava ter essa grande sala, parecia um armazém, tinha muitos instrumentos lá e eu me lembro de ter me apaixonado, naquele ponto em particular era um dos instrumentos mais estranhos que eu já tinha encontrado, que era o Mellotron e eu me lembro de tocar o mellotron no Tittenhurst e eu me lembro de ver o mesmo mellotron
Sean: Eu ia dizer. Não é o famoso mellotron preto MK2 e alguma coisa
Julian: Sim, sim, exato e ele estava lá também e eu me lembro de tocar, quando eu estava cansado de ficar sentado na sala de controle, eu sentava e ficava tocando o mellotron, o mellotron do pai e para mim foi a melhor cena do mundo, eu me apaixonei, eu realmente me apaixonei, mas ai tinha um kit de bateria lá e eu estava, literalmente, batendo com uma baqueta apenas ritmando, sabe? Você ouve um golpe de aro, de diferentes ângulos, diferentes sons, diferentes, de repente seu pai entra cantando e tocando "Ya Ya" e eu tento continuar no tempo e ficar tipo "ok", eu estava terrivelmente ansioso, inacreditavelmente nervoso, eu quero dizer, eu não tinha ideia que eles estavam gravando, eu não tinha nenhuma pista, eu só estava tocando junto e eu pensei "ah, isso foi divertido", nada torturante, mas divertido
Sean: É provavelmente bom que eles te "configuraram" assim porque seria difícil de qualquer jeito
Julian: Sim, e de novo eu não acho que foi intencional, eu acho que foi algo que o pai descobriu mais tarde nas coisas do Jim, "ah ele gravou isso", sabe?
Sean: Ah, isso é legal
Julian: Eu acho que foi coisa de último minuto, fazendo uma coisa legal e colocando no final de "Walls and Bridges" que, obviamente, foi uma grande surpresa
Sean: E um grande álbum também, ele é realmente um dos meus favoritos
Julian: Tem ótimas músicas nele e, obviamente, tem o Elton e eu realmente me lembro do Elton no estúdio também, é porque eles fizeram "Whatever Gets You Thru The Night" juntos
Sean: Ah, então você estava lá quando aconteceu? Isso é incrível. Nos fale sobre isso
Julian: Sim, eu estava por lá em algumas partes disso, eu me lembro do Elton estando lá e cantando algumas partes
Sean: Eu sei que o Elton fez "overdub" do piano ou "underdub", eu acho, "underdub" a voz. Eu acabei de inventar um termo
Julian: Eu lembro do Elton tocando piano, em algum momento, mas eu não me lembro se foi para a música ou ele só tava brincando um pouco, naquele momento eu não sabia o que era o que, eu literalmente fui levado para o estúdio em algumas ocasiões
Sean: Eu era muito mais novo que você, mas eu tenho uma memória meio parecida quando eles estavam fazendo "Double Fantasty", minha mãe, ela meio que me enganou nesse caso, mas ela queria gravar a minha voz de algum jeito, que eles usariam mais tarde, mas eles não me disseram e eu me lembro de tipo me chamarem e dizerem "sua mãe quer falar com você" e eu estava meio achando que era "montado", mas eu não sabia porque e eu entrei na sala meio que "sim?" e ela começou a conversar comigo e eventualmente, mais tarde, eu percebi que era uma gravação secreta porque eles queriam usar a minha voz e eu me lembro de ter me sentido meio envergonhado porque se eu soubesse eu teria soado mais legal ou qualquer coisa porque eu odiei a minha própria voz naquele tempo, especialmente quando você ouve a sua voz sendo tocada de trás para frente, é tipo um pesadelo. Eu tenho certeza que é fofo agora, mas na época eu me senti traído pela coisa inteira para ser honesto
Julian: Eu me lembro de ter escutado. Eu amei
Sean: Eu odeio quando pessoas me perguntam qual é a minha música favorita, honestamente... de verdade eu não tenho uma cor favorita, é muito difícil pra mim dizer: meu filme favorito, minha música favorita
Julian: Eu e você somos tão parecidos nisso, eu me sinto do mesmo jeito
Sean: Depende do dia
Julian: Por que você deveria escolher uma coisa, um favorito? Eu quero como um arco-íris, mas tem tanta beleza em tantas coisas como você pode dizer "é isso, esse é o meu favorito"
Sean: Acho que somos esperados para escolher favoritos, mas não perguntando qual o seu favorito é, apenas em um todo por exemplo, eu estou me perguntando se você teria percepção sobre o período do carreira solo do pai, o que significou para os fãs dos Beatles ele ir para o solo, eu sei que foi bem controverso e cheio de controvérsia, pelo divórcio, minha mãe, ele se casar com a minha mãe separado disso, a carreira dele parecia se destacar de pessoas que gostavam dele nos anos 60 que foi fazer álbuns solos, as coisas dele parecem tão diferente, em vários jeitos corajoso como Plastic Ono Band, o primeiro álbum, basicamente pensando que ele continuava sendo um Beatle naquele ponto, indo para essa música que é extremamente crua e não polida, você teve alguma sensação de como os fãs se sentiram ou como você se sentiu ou o sentimento que deu ao mundo, tipo "aqui está o John Lennon, tendo grandes riscos de novo", ele teve riscos com Pepper's, Revolver e agora ele está tendo outro risco musical fazendo algo totalmente diferente. Você teve uma sensação disso? Eu gosto de conversar, falar e pensar sobre isso
Julian: Sim, eu estava certamente ciente da percepção de outras pessoas ou da percepção dos fãs, mas certamente, você sabe, você olha pela linha do tempo da vida e da carreira dele, com ou sem os Beatles, eles foram de músicas bem simples, mas músicas poderosas para complexas em tantos níveis, nos arranjos, a estrutura do refrão, as melodias, as harmonias, o que você quiser, coisas surpreendentes, coisas originais e então, depois de tudo isso, ter todo esse tipo de produção como a de Dylan como composição, narrativa e esse tipo de produção, para voltar para a rigorosa versão de si próprio, a coisa má
Sean: E com letras virtuosamente letras autobiográficas, não pretendendo que seja um represar, é quase um acesso ao diário
Julian: Sabe, eu amava muitas coisas, eu realmente amava, provavelmente uma das minhas músicas favoritas, que me acertou mais, que foi uma favorita e continua sendo, era "Isolation", não apenas, de novo, por causa a estrutura da música, o refrão, a melodia, mas também liricamente, do que ele estava falando, eu me senti muito daquele jeito também, eu me senti muito isolado como um humano, como uma criança, dentro da comunidade do mundo. Enquanto crescia e você sabe eu te disse isso em várias ocasiões, eu fui isolado, eu fui para muitas escolas e eu era apontado e apresentado como o filho do John Lennon dos Beatles no primeiro dia de escola e isso foi um pesadelo, eu não consigo te dizer, eu não queria ir lá pelo o quão difícil que isso se tornou para mim, na vida, ter que passar por isso e esta música
Sean: Eu me indentifico, para ser honesto eu posso
Julian: Claro que pode, claro que pode
Sean: Eu me lembro quando eu queria ir pra Inglaterra porque eu sempre senti, na minha perspectiva que eu tinha sido banido desse lindo e mágico lugar chamado Inglaterra onde eu tinha visto fotos de Kenwood, fotos de você e a Kyoko brincando em Ascot e nos estávamos em Nova Yok nos anos 80 e você sabe, era um lugar difícil e o pai foi levado embora neste lugar difícil, eu sentia que a Inglaterra era um país das maravilhas e eu queria ir na escola lá e eu fui para a escola, eu queria ver o lugar porque eu queria sair de Nova York e no primeiro dia eles disseram "certo, nós iremos ter uma press conference do porque o filho do John Lennon está vindo" e eu fiquei "ok, não estou indo mais" e isso é o porque eu não queria ir para Boarding schools, porque eu não conseguia, era assustador todo aquele... a coisa toda da press conference
Julian: Não apenas esse aspecto, mas você sabe, apenas pessoas falando de você na sua cara e pela suas costas, apontando pra você e você apenas não sabe e é quase perto do impossível encontrar amigos verdadeiros, você não sabe quem é quem, porque eles queriam, porque eles estão andando com você, era difícil e isso continua pela vida, obviamente nós temos vários momentos de ter instintos e seguimos bem mais, temos mais senso sobre nós e sobre pessoas, mas ouça, mais do que qualquer coisa estou feliz que estamos aqui, que eu e você amamos um ao outro e somos capazes de nos conectar e conseguimos falar tão abertamente sobre qualquer coisa e você é a minha família
Sean: Sim, o único irmão que eu tenho
Julian: Não me faça chorar aqui. Próximo assunto, por favor
Sean: Eu fico preocupado em chorar porque quando eu falo de certas músicas que o pai escreveu, elas são muito emocionante, elas são difíceis para mim até de pensar nelas até de ouvi-las, principalmente os últimos assuntos porque eu tenho tantas memórias enquanto estavam fazendo Double Fantasy e alguns desses assuntos quebram o meu coração, é como uma máquina do tempo que me leva direto para aqueles momentos, o que é bem difícil. Quando você está indo através disso é estranho porque você não tem uma perspectiva de quão estranho é ser o filho do John
Julian: Não, a coisa é que não sabemos algo diferente disso, nós apenas podemos imaginar o que é estar do outro lado e vice-versa, mas isso é quando especulação e coisas desse tipo entram no caminho de coisas que não deveriam, mas é só ser aberto e honesto com as pessoas pedindo e perguntando para as pessoas e falando direito, é muito melhor ser direto e isso é certamente uma das coisas que eu aprendi com o trabalho solo dele que ser direto e essa crueza, quero dizer, foi difícil parar de "estofar" em muitos aspectos porque foi muito verdadeiro
Sean: Sim, eu acho que é conectado a terapia primal que eles estavam fazendo
Julian: Muito mesmo
Sean: Porque eles estavam tentando entrar em contato com seus eus crus interior, você pode ouvir em músicas como "Mother", na música "Mother", no final, ele está realmente gritando e é incrível porque é bem caótico, mas também é bem... tem muito amor ali, não é tipo uma música de raiva, é linda
Julian: Absolutamente e um ponto...
Sean: Eu só ia dizer "God", "Mother" e "God" elas realmente me maravilham. Ele tenta meio que encapsular todos os sentimentos dele sobre filosofia, religião, vida e os Beatles e ele meio que resume tudo em um jeito que eu não acho que outro artista consegue fazer isso, é realmente uma música incrível, é eficaz. Esse primeiro álbum sempre explodiu a minha cabeça porque se você olha pelo contexto da carreira dos Beatles, que obviamente eu amo em um jeito diferente, eu não consigo pensar em outro artista que deixou uma banda popular ou deixou uma carreira popular de algum jeito e fez uma mudança radical, seria como se o Elvis começasse uma banda de punk rock ou algo assim
Essa foi "God" do primeiro álbum solo do meu pai "Plastic Ono Band", Julian e eu vamos pegar o que foi deixado de fora para a próxima parte do "John Lennon at 80" e na parte dois eu converso com Paul McCartney sobre conhecer seu companheiro de banda, a carreira deles como compositores e como ele olha para trás na amizade deles. Eu voltarei com você logo
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